Denúncias...(as minhas)

Todos os dias caminhamos lentamente para o alcance do nosso sonho...

...viver nas maravilhas ou no país delas não é a realidade de todos... mas poderá ser o sonho de qualquer um...

5 de outubro de 2010

Vive (me)



O céu além de azul parece que treme quando o olhámos, o mar parece maior e cresce quando o tocámos, o soberbo do amanhecer além de lindo parece que nos vence… estando longe, estamos tão perto… divagamos, sonhamos, amamos… sentimos…sorrimos!
Despertamos e apertamos os abraços, os sorrisos, os espaços…e partilhamos. Sendo cravo e rosa. Pêssego e amora. Pão e açúcar. Caramelo e nata.
Deliramos tão pouco e tão intensamente, contraditórios… incapazes de romper o silêncio e sentir. Deixar sentir…sem dizer, sem falar, sem esconder…sentir…só sentir… entregar-se ao sentir… não temendo o amanhã…conquistando o hoje…esse hoje que só termina quando quisermos…que só se fecha quando o “adeus” quisermos dar…
Perdemo-nos, e como nos perdemos…
Entregamo-nos … e como nos entregamos…
Saboreamos, respiramos, suspiramos…sentimos…
Sorrimos!
E não sabemos dizer…e o que se diz quando não se sabe dizer?!… E o que fazer quando não se fazer?...
Esse último dia… esse dia que foi o primeiro… o intenso, o verdadeiro, o sentido…o vivido… porquê não sentir esse dia de novo? Sentir…sorrir…tocar…partilhar…viver...divagar!
Será incorrecto querer mais do que já se tem, ter a ambição desmedida do afecto… não ter culpa de sentir, não ter noção de que devemos parar? Não!
Viver… sim, viver!
Sorrir…sim, sorrir!
Sentir… sim, sentir! Sentir-te…
Batendo nas portas de todas as casas, vejo que balançamos como putos que não sabem escolher o sabor do rebuçado… parecemos adultos que reflectem mais do agem…parecemos avós, que já não falam… olham… e olhámos! Olhámos tanto… e esse tanto é o tanto que me faz bater à tua porta todos os dias… é esse sabor de rebuçado que me faz salivar, que me faz desejar…que me faz sentir…viver, sorrir!
Já me perdi… vezes sem conta, mas encontro sempre essa porta…por entre o quente dos teus lábios, por entre o palpitar da tua pulsação, por entre o teu perfume… encontro-te…em mim…de novo e de novo…e cada vez mais dentro de mim!
Não! Abre! A porta é tua!
Não, não feches agora… deixa-te levar…deixa-me entrar… deixa-me de novo… como se tivéssemos nascido hoje…deixa-me olhar-te…sentir-te, tocar-te…saborear-te…querer-te!
E… eu continuarei a caminhar ao teu encontro…até que te encontre, de novo e mais uma vez, no meu peito… transpirando em mim… sentindo comigo…sorrindo, vivendo, divagando…sentindo!
Não, não somos nem fazemos parte de um conto de fadas... esses nós sabemos que sim, apaixonaram-se, casaram... e foram felizes para sempre... e o durante? Esse durante... é desse durante que eu falo...é esse durante que eu quero fazer...que sei que sabemos construir...
Sim…sei…já sei… não digas… vive! Sorri! Fica em mim! Eu sei…a surpresa intimida…mas também fascina… intemporal…e porquê que temos que valorizar o tempo…se ele só nos faz envelhecer… porque temos que pensar nisso se há tanto mais para reflectir… aperta-me…sente-me… transpõe esse tempo num beijo… sê meu… vive-me…

20 de fevereiro de 2010

o nada tem o seu lugar...

"Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte disso, tenho em mim todos os sonhos do mundo..." Álvaro de Campos

5 de fevereiro de 2010

Rapto, sequestro...do alfinete


...nem imaginamos como pode constar ao longo da história que um alfinete tenha sido raptado por um gigante dedal que servia em qualquer dedo... Pois...
O dedal tinha a sua exuberância toda...por mais mãos que obtivesse e por mais dedos que infiltrasse a sua função...o alfinete era o seu "calcanhar de Aquiles"...o alfinete pequenino e pontiagudo, mexia com todos aqueles míseros buraquinhos e fazia-lhe sonhar...fê-lo encarar a vida com outra forma, redonda e não quadrada, sensível e não maldosa, frágil e não cor-de-rosa...
Mas o alfinete não era uma personagem fácil e ponderava num futuro mais risonho embora amasse, embora sentisse, não podia deixar-se levar por isso...porque o dedal...não passava de um dedal...embora diferente de todos os outros...o dedal não queria tornar-se melhor... egocêntrico, arrogante, orgulhoso, teimoso...enraivecido...um dia libertou-se de tudo isso...tornou-se melhor...
Por umas horas...foi o dedal melhor da vida de todo e qualquer alfinete...
Marcou.
Nem sei.
Há quem diga que ambos ficaram diferentes depois dessa hora.
Há quem aposte que jamais se irão separar.
Há quem julgue que juntos não devem ficar.
O rapto.
O sequestro.
Era a única hipótese.
A única alternativa.
E assim foi...
O alfinete já residia em vestido de chita há anos...
O dedal permanecia atento...
Naquela tarde de chuva, naquele céu cinzento e cheio de lágrimas...o dedal não pediu licença...entrou e vagueou-se pela sala...e em pleno dia...(por mais escuro que fosse) reluziu um sorriso...e esse sorriso foi o suficiente para que o alfinete...partisse em busca de outra malha, de outro tecido, para se instalar... e o dedal...sem dedo algum pelo meio, pegou no alfinete...e xumba... seguiram...a estrada...o caminho juntos...incerto, perigoso, pobre... mas seguiram...porque o amor mata a fome, porque o amor seca as lágrimas, porque o amor faz-nos viver...

Vem...



Vem...porque quero te ver quando regressar...
Mas vem...sem pedir...sem exigir...só a sentir... porque não há palavras que cheguem para mostrar e até avaliar aquilo que sentimos...aquilo que passamos...aquilo que sofremos...
A falta...Essa...
A falta que me fazes...
Mas não fales...sim já chega...não fales...
Se tiveres que falar, então grita!
Mostra-me que vale a pena aguardar...
Mostra-me que vale a pena esperar...sonhar...me iludir...
Mas vem...
Vem...porque eu não encontro outra saída...que eu não encontro o meu caminho... porque ontem à noite andei perdida...sem te encontrar perto...sem os meus olhos conseguirem alcançar a tua imagem...sem o meus braços conseguirem abraçar-te...vem...
Quero acordar sobre o teu ombro...sorrir com o teu suspiro...virar-me no teu regaço e ai...como esse teu abraço me faz sentir viva...
Vem....
Vou-te contar as minhas mágoas...
Porque já não dá para esperar mais...porque já não existem mais palavras...para sequer explicar o que sinto...em mim...vem...ao meu encontro lentamente...mas vem...sonha...e pressente...sente...ainda aqui permaneço...e já não estás apenas no coração...no cérebro...na mente...mas no meu sangue...

Sentindo ou deixando de sentir...

Pois...incrível...depois de tudo... ainda sinto...sinto como se nada tivesse sentido antes... sinto e acredito que sinto...dúvida ingénua. Sinceridade obstruída e um doce veneno que consome os meus lábios e que me faz pedir mais...mais e mais...como se o amanhã não existisse e como se hoje fosse tarde demais!
As palavras certas, os momentos acertados, tudo passou por nós...tudo podia ter sido recuperado se não estivéssemos sós...
Queremos deixar de sentir mas é uma experiência infundada na opinião relativa dos outros, aqueles que se metem e não se tiram...que procuram e não encontram...e que falham e não assumem..Falar é fácil. Rir e sentir é mais difícil.Cambada de inúteis, gente fútil, conversas banais.
O caminho que seguimos é-nos traçado no berço, de ouro ou de palha, é nos dado a escolher...e eu escolhi. Tu escolheste. Nós escolhemos. Sentimos que deveria de ser assim... marcar a vida um do outro e depois partir... seguir a trilha sonora dos nossos passos, sorrir...amar... e, por fim, não deixar de sentir. Sim, não deixar de sentir.
O que nos impede de seguir de novo? O "tudo" lá fora? Ou o "tudo" cá dentro?
Pois...não me respondas.
Ninguém substitui ninguém. Todos somos um caso de sorte e de status... Eu tenho o meu na tua vida.
Filosofias ao vento, sorrisos marotos e infantilidades... marquei... assumi o meu lugar e não o deixo... não porque não quero...mas porque acho que não consigo...porque foi tudo a mais...tudo demais...
Venci.
Lutei.
Desesperei.
Sozinha fui ficando.
Abandonada entre as paredes, carregando às costas a nostalgia serena de um amor completo. Um amor com história e esparguete... sim... esparguete...abusivo como a gordura que a massa contém... frágil como a massa crua. Assim nos tornamos... abusivos... frágeis... sozinhos.
Nada conseguimos manter até ao fim... e se conseguimos foi sem a nossa ajuda directa. Fomos sentindo.
Deixando de sentir tudo o resto...
Quebramos tudo à nossa volta. As crenças, as promessas, os olhares e até as palavras... agora quase nulas aos nossos ouvidos... nada serve...nada se transforma...mas quase tudo nos mata!
Fingimos.
Amamos intemporalmente.
Nas alturas em que menos podíamos amar...lá estamos...e amamos.
Nas alturas em que tudo se vira, em que as pessoas aplaudem o nosso sacrifício...lá estamos nós...e vamos sentindo.
Filmes.
Histórias.
Quase poemas homéricos, como deuses surreais e monstros com sete cabeças que nos engolem no seu sopro...ninfas sobre os nossos olhos, mares com enormes tempestades e escravos aos nossos pés...amamo-nos...e lá vamos nós sentindo...
Um dia havemos de rir muito sobre as promessas hipócritas que fizemos...atrevo-me a dizer - estúpidas - egoístas... no fundo...se não fossem os deuses, as ninfas e até mesmos os escravos jamais conseguiríamos fazê-las...
Marcamo-nos.
Metemo-nos à bruta no caminho um do outro como se fossemos ambos objectos de prateleira de montra de brinquedos... e de que serviu?
Agora as prateleiras já não suportam o nosso peso...
Já estamos com rugas e fissuras quase a partir...
Ambos já caímos tantas vezes da prateleira...e já nos juntaram tantas vezes...
Agora estamos cá em cima (ou lá em baixo como preferirem) mas já ninguém nos quer olhar...
Já não embelezamos a montra...já não sentem a nossa falta...já não dão pela nossa presença... só nós...sentimos...e não vamos deixar de sentir...porque só nós é que sabemos...

30 de janeiro de 2010

Medo...


"O medo guarda a vida"... quantas vezes já ouvimos isto? Pois... imaginamos sempre que sentir medo pode nos salvar de algo, de alguma caminhada mais difícil ou árdua...continuamente enganados, deixamos de viver aquilo que queremos porque esse "medo", essa palavrinha tão pequenina e de valor tão alto, nos impossibilita de subir os degraus que estão à nossa frente...
Temos medo de sofrer, de magoar, de arriscar, de amar até...porquê? Qual é o medo afinal? De tudo?! De nada?! Amor sincero temos todos dentro de nós basta querermos arriscar... medo de sofrer guardamos todos uma mecha em nós mesmos...e então? Parar?
Se analisarmos aquilo que passa por nós, todas as experiências, todas as injustiças e glórias,temos sempre mais capacidade de atingir...de superar essa tão mínima palavrinha, porventura, pode acontecer o inverso. Mas pensemos: M.E.D.O. - não é, sem dúvida, o sentimento mais bonito de se sentir, agora é tão saboroso quando ele se apaga e se desvanece - num abraço, num beijo, num apego quase intimo por aqueles que por nós também têm medo.
O medo reflecte insegurança e, por norma, quase automaticamente, é uma condicionante que nos destrói e que faz com que alimentamos em nós pensamentos e memórias que não nos deixam caminhar na "estrada da vida". Saborear, amar intemporalmente, rir fortemente e sentir só fazem de nós melhores seres humanos. Medo. Sofrer, chorar...tudo faz parte.
Sei que palavras não vão adiantar quando dentro de nós não há confiança para seguir...mas deixo a reflexão - o que não nos mata, fortalece-nos e se assim for, claro, todos vão superar e há que dar uma oportunidade a nós próprios já que várias conseguimos dar aos outros!
Quando apanhamos um susto, aquele que nos deixa entre um mero fio de lã e a morte, aí acreditamos que vale a pena lutar, vale a pena amar, vale a pena conquistar, vale a pena viver! No limiar da vida e da morte, reflectimos aquilo que diariamente não nos afecta, começamos a sonhar, a divagar e, no fundo, até a ser mais realistas connosco próprios já que a vida não passa de meros sabores, de meros rituais e de medos...
Medos...claro...sim...faz parte... mas porque não vencê-los? Porque não dominá-los? Nada nos faz sentir mais mal do que a derrota. Pensem nisso...eu preciso de pensar também...

23 de janeiro de 2010

(De)mais...(De)menos

Quando pensamos, por vezes, não reflectimos na singularidade da pessoa que somos, não analisamos aquilo que é realmente nosso ou o que adoptamos e por isso caímos... De-mais... Por vezes, só queremos que os outros saibam que nós existimos, quem somos...que respiramos...
Construímos o ciclo da vida com base em aprendizagens e tradições que, por vezes, até são (de)menos embora o saber não ocupe lugar...a realidade é algo bem mais latente do que meras aprendizagens. A vida é uma escola. Essa sim...ensina-nos...somos bons ou maus alunos consoante o currículo que escolhemos ou que nos sugerem...
Certas vezes, impõem-nos metas inantingiveís aos nossos olhos, metas que não conseguiram alcançar nos seus currículos e que querem, a todo o custo, que consigamos superar...(de)mais...
E, sem a menor sombra de dúvidas, o ser humano é um ser (de)mais e (de)menos...o ser humano força barreiras, ultrapassa limites, enfrenta batalhas...merece glórias...o que porventura não é o que todos conseguem...ou o que todos enfrentam...Somos seres dos nossos seres, fruto de uma imagem dignificada de ser humano que vive no limiar das emoções e do sentir... somos (de)menos quando não nos orgulhamos de nós próprios, quando não possuímos ideologias nem personalidade, quando não sabemos esperar uns pelos outros, quando queremos passar por cima uns dos outros...quando magoamos, quando traímos, quando mentimos e falseamos a nossa própria alma...
Somos (de)mais quando nos prestamos ao sentir sem receber, ao dar sem estar à espera, quando respiramos por algo não é apenas oxigénio, quando valorizamos a noite com o seu luar e o dia com o seu radiante sol...quando nos nossos olhos existe a transparência da nossa alma, a raridade do nosso ser...
Somos aquilo que apresentamos...e porque apresentamos só o que nos convém apresentar?
Porque fazemos o que querem que nos façamos?
Porque nos julgam quando o seu espelho é tão (de)mais ou (de)menos que o nosso?
"Não me acho (de)mais, porque tudo o que é de mais sobra, tudo o que sobra é resto, tudo o que é resto é lixo… Por isso acho-me de menos, porque o que é (de)menos é raro, tudo o que é raro é pouco e tudo o que é pouco é valioso. Por isso acho-me de menos"...

14 de janeiro de 2010

Ganhar...ganhando...perder...perdendo...


Nos gastos é que está o ganho. Nunca percebi muito bem porquê que esta frase existe mas, no fundo, até tem o seu sentido e, na verdade, tenho vindo a observar que todos os dias gastamos algo para lucrar algo.
Se analisarmos bem as relações que mantemos com as outras pessoas, estas são feitas de gastos, gastos de todas as espécies e feitios. Começamos a ter uma amizade, seja ela de que aspecto for, e lá vem os gastos...é as noitadas na discoteca, as lágrimas gastas nas conversas partilhadas, as idas ao shopping e as tardes infinitas nos cafés do jardim... tudo isso gastamos...vamos lá saber o que lucramos. Pois lucramos muito...sim...lucramos todas aquelas partilhas fantásticas e deliciosas que só os amigos nos dão...
Depois temos os namoros...e...esses sim...gastos excessivos...gastamos o ar da nossa respiração quando beijamos, quando amamos, quando discutimos...gastamos, a essência de nós próprios, gastamos a nossa intimidade e usamos a mais pequena arma que temos - o coração.
Desprezível pensar nestes termos.
Contudo, só um coração amargo fala desta forma tão fria e nojenta das relações.
Ganhamos claro...ganha-se...(dizem)... experiências, "calo" e inteligência futura...mas de que serve? Sabemos ou sequer podemos adivinhar o dia de amanhã?
Sabemos ou sequer imaginamos como será o nosso despertar no dia seguinte?
Não condeno quem vive para ganhar...não julgo quem ganha, ganhando... (mais propriamente, quem dá para receber)...apenas me submeto a avaliar-me...e, isso sim, tarefa injusta que nos compete em particular...porque julgo que ganhando e perdendo...o que realmente é fundamental é não estar só...não estar sozinho...não sentir solidão...e o infortúnio da fortuna...o preço da reforma do amor, o preço das comissões das relações intimas, o selo das memórias...e a cicatriz das pegadas que deixamos e dos degraus que subimos...

Sentir

Sinto-me gelada mas vejo que a frieza que me incomoda deve-se a um erro que cometi pensando que jamais o iria cometer, no fundo acho que acontece com toda a gente. Não me sinto nada singular mas sinto que não deveria estar a sentir o que sinto.
Às vezes sinto que o tempo não é tão proporcional como eu gostava que fosse mas consegue ser tão ameaçador que nem imaginava... Deparo-me a constatar que não passo de ser um ser errante e, naturalmente, humano, sensível, contraditório e até inconstante.
Sinto-me perdida, ofuscada com as luzes da ribalta que me querem oferecer, com uma cegueira que me quiseram dar sem que eu esperasse ter e, oportunamente, enganada por um engano que deixei cometer.
O crescimento do ser humano é mesmo isso mas (porquê que há "mas"?)não podemos passar o resto dos nossos dias a chorar sobre o leite derramado quando a fonte seca e quando a estrada se vai encurtando e os pés vão se tornando exaustos na caminha árdua que é o SENTIR.
Sim, sentir...vale a pena sentir neste estado de vida medíocre e nesta sociedade opulenta cheia de cargos e descargos, cheia de chuvas e tempestades e repleta de sorrisos quando o sol dá da sua graça? Não...ou talvez sim...não sei.
As luzes quando se acendem não passam de luzes e nós não passamos de seres iluminados por elas, então porque nos julgamos a nós próprios, porque teimamos em sucumbir...porque nos ameaçamos a nós mesmos quando não queremos morrer? Porque quando entramos e já adivinhamos o fim, porque teimamos em entrar? Porque não tememos sofrer quando, várias vezes, dizemos que esse é o nosso maior medo? Mentimos, falseamos a nós próprios pela subtileza ingénua, infantil e, se podemos chamar, egoísta da raça humana...porque sentimos!Sim, sentimos mesmo...
Vá-se lá saber o que esse SENTIR quando tudo nós sentimos?!
Gelada, fria, egoísta e ingénua...na minha subtileza de amar o imperfeito e de procurar o
, conquistei o que não queria...amei, desesperei e SENTI.

13 de janeiro de 2010

as amizades...


Realmente há manhãs em que acordamos e vemos que temos tanto à nossa volta e pouco sabemos agradecer...muita coisa nos pertence e pouca coisa valorizamos...aos meus amigos e a todos aqueles que virão a ser:

Aos amigos que se fazem na escola:
Um dia damos por nós rodeados de gente na Universidade, constatámos que amigos não nos faltam e até acabamos por ser amigos de gente que não fazíamos ideia que pudéssemos ter alguma cumplicidade. Feitios diferentes, metas esquisitas e palavras absurdas...no fundo, nada a ver connosco... constatámos a célebre frase: "todos diferentes, todos iguais"...e é mesmo...

Passávamos tardes a fio a rir e a brincar, as aulas eram a seca e a evidência de que porquê que pagávamos propinas?! Lamentavelmente, as aulas não podiam ser esquecidas e entre um furo e outro, sempre havia uma presença nos anfiteatros conquistada por nós...erámos um grupo, unido, por vezes, infantil por outras. Eu era a madrinha...não mais responsável do que os restantes mas receptiva a escutar qualquer um...
Tínhamos também aqueles que se juntavam a nós apenas por mera conveniência já que a solidão é um estado misero... e tínhamos aqueles que não faziam ideia que existíssemos... e ainda os outros, os tais, os que gostávamos que viessem mas que, por uma razão ou outra, nunca se aproximavam...
Depois começou a haver os namoros, os flirts... as saídas e os desamores...e aí começou a perder-se a noção de amizade, a noção de que embora diferentes, ninguém é melhor do que ninguém e bebendo coca-cola ou pedras salgadas, mantinha em si a sua personalidade e daí a sua diferença...é isso que realmente me custa! Ninguém sabe aceitar as diferenças...a extravagância de ser diferente e porquê? porque sim...e isso chega...já chega de dar explicações...já chega de queremos mais do que temos...sim, não digo para não ter ambição, mas não devemos pedir o "mais" ou os "porquês"dos outros quando NINGUÉM É DE NINGUÉM

Aos amigos que se fazem no trabalho:
Sim...também há esses...!Há os que, inicialmente, nos ajudam e cooperam connosco e fazem-nos sentir aceites...por outro lado, há também os que fazem tudo isso mas deixam transparecer a ideia de que não passamos de "novatos" e/ou "inexperientes" e daí a postura de que "eu estou aqui...para tua sorte..."
Pois é, e ainda bem que estão...porque é com eles que vamos aprender mais...vamos aprender a ter a "dupla personalidade" que nos vai fazer conseguir manter o emprego...Sim, não duvidem, eles são essenciais. Falsos, desonestos e até sem vida própria, isto porque querem saber mais da nossa vida do que da deles mesmos, querem ouvir-nos quando estamos contentes e abraçar-nos quando estamos tristes...e aí, está a chave: sabem muito de nós!Vejam lá: é ou não verdade que são quase os primeiros a nos dar os bons dias e a reparar no penteado novo que temos? Os primeiros a chegar-nos ao pé quando no nosso rosto baila uma lagrimita de tristeza? Os primeiros até a nos convidarem a tomar um café depois do horário? Pois é...são eles mesmo!
Fazem-nos falta porque se repararem até sabem nos contar as últimas do chefe, as últimas novidades de tudo...pois...e são com eles que também teremos problemas... se tiverem de nos atacar, somos o alvo mais fácil e se tiverem de nos humilhar, disso não tenham dúvidas..vai acontecer...Mas nada é negativo...eles também poderão ter as suas fragilidades e como não vivemos no país das maravilhas e como o meu nome não é Alice...as traições acontecem...

Aos amigos de infância:
Esses não nos lembramos muito...mas na verdade foi com eles que criamos o nosso primeiro grupo social e foi com eles que começámos a partilhar as primeiras coisas que aprendemos. Todavia, crescemos e alguns vêm connosco, já outros seguem caminhos diferentes... Uns caminham na nossa vida como pássaros e, quando bate a primavera, já se sabe, vêm pousar...outros, nem por isso, nunca mais os vemos...esses sim, esquecemos... aliás, não nos lembramos muito...
Outrora, somos informados de algumas novidades e, por vezes, até são felizes...

Aos que virão:
Não sabemos como serão..não tirámos curso com a Maia nem nada do género por isso prognósticos não há... Mas podemos afirmar que todos nós temos certos ideais para as amizades - por vezes, não somos tão selectivos quanto gostaríamos, mas destacamos aqueles que estão sempre lá e que devem estar de mãos dadas connosco, aliados a nós na honestidade e na cumplicidade de qualquer acto cometido...queremos amigos necessitamos deles para coexistir...a sociedade é mesmo isso...é viver, reviver, subsistir...e resistir. Os amigos fazem parte, são o nosso grupo de pertença, dos primeiros aos quais damos real valor. Por isso, falar em amizades futuras, é ter a noção que por mais fechados que sejamos, temos sempre alguém, amigo ou confidente, que está connosco - diga-se que amigo não tem que ser aquele que nos aplaude mas o que antes de bater palmas nos olha nos olhos e sorri!

O Hospital também mata - ou nao?


Pois é, por vezes não temos a miníma noção daquilo que nos pode acontecer...pois...como eu digo: "o meu nome não é Alice...e não, não vivo no país das maravilhas..." Aconteceu comigo...poderá acontecer com qualquer um de nós.

Foi uma passagem na minha vida e não vos nego que me sinto condenada a viver com isso na minha memória até ao fim dos meus dias...porém, não vivo por ter passado por isso mas, que por isso mesmo, me tornei bem mais forte e um melhor ser humano.

Deixo-vos o relato real, o testemunho da minha mãe...

Hospital também MATA!

Entramos mal, saímos pior…

O título da notícia é chocante mas, na realidade, é o que acontece diariamente no Centro Hospitalar do Funchal. Com efeito, quero publicamente relatar mais um caso grave de erro de diagnóstico que quase tirou a vida a uma jovem de 24 anos. O caso remonta ao dia 26 de Fevereiro do presente ano. Eram 11h40, a minha filha entra nas urgências do Hospital Cruz de Carvalho com queixas de mal-estar associada a palidez, epigastralgia e vómitos. De imediato, é-lhe administrado soro e diagnosticado pelo médico de serviço, o cirurgião Dr. Nicodemos, uma possível gravidez sendo encaminhada ao serviço de obstetrícia, onde é observada por um ginecologista que, simpaticamente, me diz que a menina não se encontra grávida nem com problemas do foro ginecológico. Afirme-se que, a minha filha, já antes tinha dito que não se encontrava grávida, até porque estava com o período menstrual. De regresso ao serviço de urgência, o mesmo cirurgião de serviço, afirma que “se não está grávida, tem um quisto hemorrágico no ovário direito e que, por isso, a vai operar”. Obviamente, contestei a sua afirmação baseando-me no que me foi dito pelo ginecologista, ao que o Dr. Nicodemos me responde com um murro na mesa e com a frase “Eu vou operar a sua filha!” e volta a encaminhá-la ao serviço de obstetrícia. Aí, o mesmo ginecologista, insinua estranhar o que se está a passar no serviço de urgência pelo seu colega mas diz que vai falar-lhe, via telefone, bem como enviar-lhe o resultado da sua observação via online. Regressadas ao serviço de urgência, outra vez, a minha filha, desta vez vem já de maca e sempre com soro é colocada no corredor à espera…

Entretanto, os médicos passeiam-se no corredor do hospital como na promenade, de garrafa de água na mão e óculos de sol na cabeça. Aos doentes que aguardam desesperadamente por notícias ou alívio para a sua dor, nada… o tempo, esse não pára e a tarde já está a terminar. De repente, um outro médico lembra-se da minha filha, talvez o Dr. Nicodemos lhe tivesse passado recado. A minha filha contínua com dores e sempre com soro, sim, porque este medicamento deve ser muito barato porque é administrado abundantemente a todos os doentes que recorrem às urgências.

Agora, este médico, de novo um cirurgião, o Dr. Miguel Silva, volta a afirmar que a minha filha será operada porque não se conseguiu diagnosticar a causa das suas queixas. Aí, a minha filha segue para a sala de ecografia e RX. Um terceiro cirurgião entra em acção. Desta vez, o chefe de equipa, o Dr. Quintal, que não apurando junto dos seus discípulos o diagnóstico conclusivo, também afirma que “vamos operar”. “Mas vamos operar a quê?” – pergunto-lhes eu. “Minha Senhora, isto pode ser vesícula ou outra coisa qualquer… e nestes casos, a única coisa a fazer é uma laparotomia exploratória e apendicectomia.” Respondem os dois cirurgiões. “Então quer dizer que vão operá-la ao apêndice quando ela se queixa de dores no estômago e na parte superior do estômago?” – retorqui eu. “Sim.” – Afirmam ambos. A noite já tinha caído. À doente, é-lhe apresentado uma declaração que tem que assinar. Mal sabia ela, a minha filha, que naquele momento assinaria o passaporte para uma doença que ainda hoje, passados seis meses, perdura no tempo e, quem sabe, para o resto da sua vida…

Entretanto, são já três horas da madrugada do dia seguinte, vejo a minha filha ser encaminhada para o Bloco Operatório. Permaneço à entrada, sentada numa cadeira desejosa que aquilo termine. Aguardo, ansiosamente, a saída de um dos dois médicos cirurgiões que fazem o trabalhinho… finalmente, sai o Dr. Quintal. Pergunto-lhe, desesperadamente, como correra. A resposta foi tão somente esta: “inconclusiva”. Momentos depois, sai o Dr. Miguel Silva, que mais simpaticamente me diz “lamento, retiramo-lhe o apêndice, o mucocelo vai para a anatomia patológica porque é uma coisa grande e vamos aguardar… são sete horas da manhã, ela está na sala de recobro e por volta das oito horas seguirá para o 2piso onde irá permanecer em recuperação apenas dois dias”.

É chegada a hora da visita. A minha filha, recebe na enfermaria, a minha visita e a de alguns familiares. Está bem disposta mas sempre com soro. Não sente dores. O Dr. Miguel Silva, faz-lhe também uma visita por volta das 20horas. Simpaticamente, deseja-me bom fim-de-semana e aponta para uma alta possível no domingo sem mais nada acrescentar. Terminado o horário das visitas, a minha filha ainda me chega a ligar para o telemóvel queixando-se de uma tosse irritativa que lhe sufoca a respiração. Confesso, que não dei muita atenção a isso. Afinal, ela tinha sido submetida a uma cirurgia com anestesia geral e a tosse era o de menos. Já em casa, e por volta das 23horas do mesmo dia, recebo uma chamada do Hospital. Era o Dr. Duarte Franco que me dizia que a minha filha tinha acabado de dar entrada nos Cuidados Intensivos por agravamento do quadro clínico e com edema agudo do pulmão. Abalo para o Serviço de Urgências. O mesmo médico encaminha-me aos Cuidados Intensivos e informa-me que a menina tem uma sepsis.

Já nos Cuidados Intensivos, a Dra. Margarida, que me recebe e que também me permite ver de perto a minha filha, informa-me que lhe foi induzido o coma, que o seu estado é bastante preocupante, que me prepare e à família para o pior porque o seu prognóstico é bastante reservado e que corre mesmo risco de vida. Esteve ventilada até o dia 2 de Março mas, curiosamente, sai dos Cuidados Intensivos neste mesmo dia, para ser internada no Serviço de Unidade de Cuidados Intensivos Coronários porque agora tem um diagnóstico de depressão severa da função ventricular esquerda, na provável dependência de miocardite. Afinal, onde está a sepsis?! Afinal, o que é que aconteceu?! Seria o uso abusivo do tão famoso soro o causador do encharcamento do pulmão que lhe provocou edema agudo?!

Nesta unidade, Cardiologia, é seguida pela Dra. Andreia Pereira, onde permanece dois dias sendo transferida para uma enfermaria do mesmo piso, até dia 17 de Março, dia em que teve alta, por recuperação da função do ventrículo esquerdo, por ecocardiograma e após ter sido submetida a uma ressonância magnética, nessa manhã. Regressa então a casa mas, no mesmo dia, sente-se mal com crises respiratórias e volta a dar entrada no Serviço de Urgência do Hospital. O seu diagnóstico é de agravamento franco do quadro clínico, coincidente com diminuição da dose de corticoterapia com reelevação dos marcadores de necrose miocárdica. De imediato, é internada na UCIC. A Dra. Andreia Pereira, inteira-se do quadro clínico da sua paciente mas minimiza o facto de eu lhe ter sugerido uma eventual evacuação da minha filha para outra unidade hospitalar, já que agora parece tratar-se de uma doente cardíaca. Note-se, que a mesma médica, durante o internamento da minha filha, no serviço de cardiologia, e que me disse várias vezes nada ter a ver com o que se passara, antes da sua admissão naquele piso, também me disse que, para que pudesse informar-me dos seus procedimentos enquanto médica assistente da minha filha, eu teria de lhe apresentar um relatório de um médico psiquiátrico, alegando que esta não reunia condições psíquicas capazes de interpretar e compreender as informações que lhe fossem fornecidas, porque não ia dar informações a duas pessoas, à doente adulta e à mãe. Ora, a minha filha, tinha na altura 23 anos e estava em perfeitas condições psíquicas e mentais, aliás, frequentava o último ano de licenciatura em Serviço Social, o qual teve que suspender até hoje, não se sabendo mesmo se o vai retomar no próximo ano lectivo. Por mais de uma vez, me dirigi ao Gabinete de Direcção Clínica. Cheguei a falar com o Dr. Miguel Ferreira e com a Dra. Sidónia, cheguei mesmo a ter uma pequena reunião na presença da minha filha com a Dra. Andreia Pereira e com o cirurgião Dr. Miguel Silva. O caso estava complicado. O Dr. Miguel Silva assumia o erro de diagnóstico e admitia alguma culpa. A Dra. Andreia, cardiologista, parecia querer descartar-se daquele caso, ou melhor, da doente, chegando mesmo a sugerir-me que mudasse de médico assistente.

Note-se, que no dia 17 de Março, a minha filha tem alta hospitalar. No mesmo dia, volta ao hospital e é internada na UCIC. No dia 19 de Março, é transferida às quatro horas da madrugada para os Hospitais da Universidade de Coimbra, na companhia da sua médica assistente e de um enfermeiro. Aponte-se, que a transferência da minha filha, de acordo com a sua médica assistente e, após a mesma refutar a proposta por mim avançada, só seria possível na sexta-feira seguinte, após a reunião habitual com a equipa médica; adiamento que refutei e venci, apesar de me sentir gozada na minha ignorância e ser leiga na matéria. Afinal, não era eu a médica, era apenas a mãe…

Já nos HUC, com instabilidade hemodinâmica à chegada, com hipotensão grave e com necessidade de suporte inotrópico com dopamina e dobutamina. Por insuficiência respiratória aguda refractaria a terapêutica médica, foi entubada e conectada a prótese ventilatória durante cerca de 48 horas. Ou seja, mais uma vez, é-lhe induzido o coma com choque cardiogénico. Neste hospital, fica internada 31 dias. É submetida a várias análises e estudos. A equipa médica, desconhece o que se passou, ou seja, o que está na origem desta miocardite que tudo aponta ser viral e ter sido colhida no bloco operatório aquando da célebre intervenção cirúrgica ao apêndice. O Dr. Miguel Ferreira, afirma que “ O Hospital não é uma prisão” mas não nega que é “um antro de bactérias acessível a qualquer um, porém não tem onde colocar os doentes por isso, não pode tomar medidas, cabendo a cada um de nós evitar o máximo possível recorrer ao hospital.” O que o Dr. Miguel Ferreira não sabe ou finge não saber é que ninguém vai ao Hospital por capricho nem se divertir no “poço da morte”!

Nos HUC, e após biopsia e cateterismo cardíaco, é avançada a hipótese de um possível transplante ao coração e, tal só não aconteceu, devido à grande melhoria do estado clínico da minha filha, graças ao grande esforço e trabalho por parte da equipa médica que a acompanhou – Equipa Coordenada pela magnífica Dra. Fátima Franco e o Prof. Dr. Manuel Antunes. A terapia instituída estava a resultar daí, a estabilização do seu quadro clínico. Contudo, os marcadores inflamatórios só permanecem negativos com a administração de uma dose diária de 50mg+20mg de Predninsolona, ou seja, a célebre cortisona que, todos nós sabemos dos seus efeitos secundários bastante nocivos à saúde a longo prazo. Também, é necessária a toma de uma dose diária de Azatioprina, os chamados imunosupressores, para além de outros medicamentos para o coração.

Aquando do terceiro internamento no Serviço de Cardiologia do Hospital do Funchal, internamento que ocorreu no dia 21 de Junho do presente ano, note-se que a minha filha esteve dependente nas AVDs tendo sido necessárias medidas de isolamento visto estar sob tratamento com imunosupressor (azatioprina) e corticosteroíde (predninsolona) tendo coincidido a referida intercorrência com o desmame deste último. Apresentava instabilidade hemodinâmica, com hipotensão, elevação do pró-BNP e da troponina I, necessitando de terapêutica inotrópica com dopamina em perfusão e.v. e oxigenoterapia por ventimask. Foi também medicada com amoxicilina/ácido clavulânico.

Durante os primeiros oito dias (esteve internada durante treze dias), três dos medicamentos que lhe são prescritos, foram me pedidos porque o Hospital não os tinha. Espantadíssima, tentei perceber junto dos Enfermeiros porque razão aqueles medicamentos eram custeados por mim, afinal a doente estava internada, ao que me disseram que era prática comum do centro hospitalar. Indignada, contactei a Direcção Clínica e eis que a Dra. Sidónia me diz tratar-se de um mal entendido ou de uma mera falha de comunicação mas a verdade, é que era eu quem estava a pagar aqueles medicamentos a uma doente que se mantinha internada. Curiosamente, momentos depois, a Senhora Enfermeira Chefe, apresenta-se na Enfermaria da minha filha com a devolução dos ditos medicamentos, evidentemente, sem as tomas que já tinham sido feitas e também me diz que foi um mal entendido, querendo mesmo saber a identificação dos Enfermeiros que contactei. Soube depois que houve reunião no Gabinete de Enfermagem…

Relativamente à cirurgia realizada ao apêndice, no início de todo este processo, desnecessariamente, refira-se que, para estranheza de alguns médicos que contactei e que a observaram, a circuncisão foi efectuada no lado esquerdo do abdómen (ao que sabemos o apêndice fica do lado direito) mas há outra circuncisão exactamente no umbigo e uma mais pequena na zona pélvica. Afinal, por onde extraíram o apêndice!? Ao que apurámos, tratou-se de um método moderno (encheram-lhe a barriga de ar e retiraram-lhe o apêndice) … vamos lá entender estas modernices… porém, nenhuma das cicatrizes apresenta aspecto comum, tendo em conta que já se passaram seis meses desde esse célebre dia. E havia mesmo quisto hemorrágico?! Então e o tratamento?! Nada se fez?! Desapareceu, ou também foi extraído juntamente com o apêndice?! Sabe-se lá…

Desde Fevereiro, que ambas vivemos este Inferno. Até aí, a minha filha era uma jovem saudável, cheia de energia e com grandes projectos para o futuro, elegante e super bem-disposta. Actualmente, apresenta aspecto típico cushingóide (face em “lua cheia”, pescoço em “dorso de búfalo”, obesidade central e apetite aumentado).

Pela terceira vez, deslocamo-nos aos Hospitais da Universidade de Coimbra. Hoje, a minha filha é acompanhada, aqui no Funchal, por uma outra equipa médica, que tem feito de tudo no sentido de restabelecer a saúde da minha filha e, simultaneamente, apurar e determinar as causas que estão na origem do diagnóstico actual – um processo inflamatório no sistema imunológico que se mantém activo com vários episódios de recrudescimento, aparentemente relacionados com a redução da corticoterapia, sendo-lhe por isso, diagnosticado uma miocardite idiopática, ou seja, de origem desconhecida.

O Dr. Nicodemos, a última vez que falei com senhor doutor, foi à entrada do Centro Hospitalar, para lhe informar de que já tinha em minha posse o resultado do exame da anatomia patológica. Agressivamente e em alta voz, respondeu-me que só discutia medicina no tribunal. Não sei se me estava a incentivar a processá-lo… Na verdade, muito boa gente me aconselhou a fazê-lo, até porque o ouviu. Afinal, estávamos junto ao balcão da recepção de visitas. Só não o fiz porque o meu objectivo não é o de ganhar uma indemnização porque a saúde da minha filha não tem preço mas o de divulgar, publicamente, o que se passa numa Instituição que é pública e que teve prestes a ganhar o prémio de qualidade…sinceramente... Quanto ao Dr. Miguel Silva, sempre tão simpático e, várias vezes, se referindo ao seu erro de diagnóstico, mostrou-se sempre disponível para ajudar a minha filha mas nunca a visitou na enfermaria, nunca a contactou e, nem sequer lhe deixou nunca, o seu contacto telefónico, apesar de ter afirmado ser um bom ouvinte e de a ele se poder recorrer em qualquer altura… Do Dr. Quintal, o senhor doutor, passa por nós indiferente. Afinal, a minha filha é só mais um “animal que passou pelas mãos de uns bons veterinários”.

A mãe,

Dra. São Constantino